São os olhos do dono que engordam o gado?

Pessoal, tudo bem?

Mais uma vez minha equipe me cobrando um artigo, então vamos lá:

Tenho certeza que todos já ouviram esta frase: “É o olho do dono que engorda o gado”. Mais do que isso, tenho certeza que a maioria acredita piamente neste jargão popular.

Tenho atendido empresas familiares há muitos anos e posso dizer, pela minha experiência, que esse jargão que virou uma crença, é ainda mais forte nelas.

Apesar de respeitar, quero aqui questionar o extremismo dele.

Na minha visão, toda fase inicial/embrionária do negócio, necessita sim do “olho do dono”, mesmo porque não há condições, principalmente financeiras, de se estruturar os mecanismos necessários para colocar em cheque esta máxima.

Antes de mencionar os mecanismos necessários, quero contar uma experiência pessoal minha, na qual fui obrigado a questionar esta crença:

A partir de 2009 comecei a diversificar meus negócios e em 2013 comecei a ter negócios em cidades e estados diferentes. Isso só foi possível porque ousei enfrentar o ditado popular.

Foi (e ainda está sendo) um trabalho árduo. A meu ver, o “gado emagrece” por um tempo. É o preço a se pagar. Perder um pouco no início. No entanto, eu recomendo a você, fundador, ir se tornando desnecessário com o tempo.

Caso você queira experimentar se tornar mais “desnecessário ao dia a dia”, destaco estes pontos:

1- Estruturação de um planejamento estratégico 

Ele deve ser realizado junto ao grupo gestor. Os gestores precisam se sentir donos do planejamento e isso somente acontece com o envolvimento deles na concepção.

Todo empresário tem uma estratégia na cabeça, o desafio inicial é a disseminação em todos os níveis organizacionais.

O proprietário deve ser guardião da ideologia (missão e valores) do negócio e dos seus macros objetivos estratégicos.

Já os indicadores devem ser propostos pelos gestores, aumentando o senso de responsabilidade e validados pelo controlador.

2- Estabelecimento de rituais de acompanhamento da execução

A maioria dos planejamentos estratégicos falha nesta etapa. Rituais mensais de mensuração e correção de rota e planos de ação, que assegurem o sucesso da implantação, são fundamentais. Caso contrário, o “dono vai precisar voltar a olhar o gado diariamente”.

Além disso, estabelecer rituais de comunicação com os sucessores, evitando o “by pass” no dia a dia da empresa.

3- Processo de identificação e preparação constante de sucessores (em todos os níveis organizacionais)

Considero esta a etapa mais negligenciada pelos empresários. Por isso, a dificuldade em se “distanciar do gado”.

A falta de confiança no grupo gestor impede o compartilhamento de poder e tarefas.

Recomendo fortemente conhecer talentos independentemente de se ter vaga em aberto. Além disso, investir 80% do seu tempo com 20% da sua “tropa de elite”.

Se possível, profissionalizar este processo com assessments e uma “agenda de sucessão”.

Colocar o sucessor como copiloto, mas deixá-lo enfrentar as turbulências, pousos e decolagens.

A agenda do dono precisa ser: gente.

4- Foco na visão de futuro, novos negócios e inovação

Percebo que muitas vezes o fundador não sai da operação e do dia a dia porque na verdade ele não sabe fazer outra coisa na vida.

Por isso recomendo esta dica fundamental: aprender a ter uma agenda focada em assuntos estratégicos, visão de futuro, tendências de mercado e inovação.

Além de evitar a intromissão no dia a dia operacional da empresa, bons gestores tendem a seguir líderes visionários e que exercem empowerment, caso contrário, procuram outro lugar.

Em resumo, crie uma agenda para o futuro e deixe a agenda do presente com o grupo gestor (obviamente com todos os rituais de acompanhamento e controle adequados).

5- Mecanismos de disseminação e sustentação da cultura

Empresas longevas possuem cultura forte. Cultura do dono enraizada na empresa é uma forma de fazer presente mesmo que não fisicamente.

Uma coisa precisa ser dita: em um determinado momento, estágio, porte e complexidade de operação da empresa, fica impossível “olhar o gado todo a todo tempo”.

Ter pessoas que se sintam donas do negócio e que comungam do DNA e do jeito de ser do dono é a única maneira de “olhar o gado”.

Processo de gestão de cultura é quase que uma catequese por parte do fundador.

Enfim, não acredito que seja um processo fácil e simples, pelo contrário. Você tem outro plano para isso? Me conte.

Era mais isso mesmo. 

Abraços!

Fábio Guarnieri
CEO Lumit

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