Planejar ou improvisar: você assume a sua escolha?

Por  Renata Barcelos

A famosa frase de Eisenhower “Planos não são nada. Planejamento é tudo.” é uma ótima heurística que nos ajuda a traduzir algumas verdades fundamentais sobre a importância do planejamento estratégico. Indo direto ao ponto, seguem:

1 – Planejamento é um rito de reflexão: imersos nas rotinas e problemas diários, é comum que as pessoas não tenham tempo para pensar. Entram no ‘modo bombeiro’, sempre apagando incêndios. A prática de planejamento estratégico é, portanto, um rito importante que exige que as lideranças e seus times se organizem para analisar o passado, aprender com ele, realizar análises longitudinais de prazo mais alongado, aprender com elas, prospectar possibilidades futuras desenhando cenários possíveis e aprender com essa extrapolação e, por fim, propor decisões a serem cumpridas. Essa lógica chega ao nível dos indivíduos de forma especialmente relevante, pois o ato de planejar permite que se conheça a visão de mundo de cada uma das pessoas envolvidas.

2 – Quanto mais estruturada a reflexão, maior o poder do plano (mas há 2 limites!): meus alunos e clientes já estão cansados de ouvir a frase: “não faça planos genéricos!”. É que para se compreender a realidade e o possível impacto de nossas ações, não podemos tratar os problemas de forma generalizada. É preciso ser específico nas análises para que se busque o conhecimento fundamental à execução. Por exemplo: uma empresa que atende 8 perfis de clientes distintos não pode tratá-los monoliticamente como ‘clientes’ no seu planejamento estratégico. O mesmo vale para produtos, colaboradores, etc. Esse tipo de detalhamento deve ser feito compreendendo 2 limites de eficiência que se interrelacionam: timing e nível de análise. Explico: por timing, quero dizer que as decisões têm seu tempo próprio e podem, inclusive, caducar após atrasos fundamentais. Por nível de análise, quero dizer que é preciso exercitar e entender quando os detalhamentos são desnecessários, ou seja, quando a visão de operação se torna uma cilada. Se “existe um infinito em um grão de areia” (pense nos átomos, elétrons, etc.), é preciso ter clareza do nível em que cada análise deve ser realizada a fim de não ser esforçar para detalhamentos que podem ser refletidos posteriormente. Reconhecimento do timing e nível de análise para a tomada de decisão são competências fundamentais das lideranças para que elas não fiquem paralisadas e acabem chegando à execução com atraso. (A propósito, essa é uma ótima dica para os prolixos!).

3 – Planos não são nem rígidos nem dissociados do contexto no qual serão executados: se o contexto muda, os planos precisam ser refeitos (às vezes, no próprio ato da execução). Além disso, na complexidade, é impossível que se consiga planejar com perfeição. Isso significa que um plano não é uma proposta rígida e certeira, mas uma referência explicitada que facilita tanto a percepção dos desvios quanto a comunicação entre os agentes que precisam repensar planos e atos. Ter um plano facilita muito a interação quando a mudança de rota é necessária. E a mudança de rota exigirá replanejamentos, ou seja, análise e aprendizados contínuos.

A partir dos três pontos acima, entendemos a relevância e o efeito da frase de Eisenhower. Em resumo, o plano per si é uma peça de referência que pode ser alterada a qualquer momento, mas a reflexão contínua e aprofundada que ele catalisa (seja por seu poder de facilitar a comunicação ou por forçar o aprendizado e o crescimento das pessoas durante a reflexão), é o que permite decisões cada vez mais racionais e rápidas.

Sendo bem objetiva: não existe gestão sem planejamento. Planejar equivale a ensaiar – no campo das ideias – o que se busca, mesmo diante de imprevisibilidade e complexidade. A verdade é que esses dois elementos justificam o planejamento como reflexão estruturada (há quem pense que eles reduzem a importância dos planos). Não planejar equivale a promover um espetáculo de uma orquestra sem qualquer ensaio: os músicos e o maestro sobem ao palco sem saber como devem atuar de forma coordenada. Cuidado, talvez seja assim que seu time se sinta nesse momento.

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PS: e se você admira o improviso do jazz, pense nas horas de ensaio, repetições e reflexões que os maiores jazzistas já fizeram antes de cada apresentação ao público. A frase de Wynton Marsalis traz uma reflexão pertinente: “No Jazz, a improvisação não é apenas uma questão de inventar qualquer coisa. O jazz, como qualquer idioma, tem gramática e vocabulário próprios”. E a sua empresa: tem um vocabulário próprio ou acabou se tornando uma Babel do improviso e da intuição individuais?

By Renata Barcelos

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