Digitalização global, inteligências artificiais, popularização do regime home office e híbrido: o mundo está mudando e a estrutura corporativa acompanha essas mudanças, tornando-se cada vez mais dinâmica. Enfrentamos todos os dias novos desafios gerados pela explosão de informações que nos chegam através das redes sociais. Assim como desfrutamos de novas possibilidades que advém dessa mesma modernidade: estamos conhecendo uma nova geração focada em soft skills e com uma grande fome por inovação.
Contudo, essa grande ânsia por explorar caminhos diferentes e inovadores, cada vez mais cobrada das empresas independente do seu nicho de atuação, em conjunto com a velocidade de circulação de informações, criou um efeito rebote e tem gerado a ilusão do sucesso através do fast learning. Encontramos profissionais focados cada vez mais na linha de chegada, que acabam abrindo mão da importância de viver com qualidade a sua jornada de aprendizado e execução de um bom trabalho.
Da mesma forma acontece com os líderes e os processos dentro de uma empresa: buscar gerar resultados com pressa, sem traçar uma estratégia e executar com qualidade os processos é uma armadilha com fim definido. Por isso, a ambidestria organizacional é uma habilidade crucial para os líderes que buscam navegar com sucesso neste novo futuro e tem se mostrado uma grande tendência de gestão neste cenário.
Desmistificando a ambidestria organizacional
Utilizado pela primeira vez pelo pesquisador Robert B. Duncan, o termo ambidestria organizacional nos foi apresentado em 1976, mas segue sendo extremamente atual. O seu conceito está associado à capacidade de uma empresa em equilibrar sua eficiência operacional e a busca por inovação. Duncan (1976)* aponta que se trata da capacidade de uma empresa em, simultaneamente, manter a eficiência na condução das demandas do dia-a-dia e exercitar a habilidade de se adaptar a um ambiente de constantes mudanças.
Por exemplo: nos últimos anos, a Netflix tem se aventurado nas águas da produção cinematográfica, lançando títulos de sucesso, como La Casa de Papel, Orange is The New Black e The Crown. Essa foi uma solução inovadora frente à sua concorrência, que são essencialmente as grandes produtoras. Contudo, a empresa também continua mantendo os investimentos na plataforma de streamings em si, popular pelo seu caráter intuitivo e o amplo catálogo, que contempla desde filmes e séries a reality shows e animes.
Grandes dores de cabeça afetam o organismo corporativo atual com esta pressão de se tornar “o novo”: a nova marca do momento, nova empresa a estar sob os holofotes. Mas o que mantém um negócio em evidência após o seu boom? Manter-se relevante também significa cativar e fidelizar clientes, prezar pela entrega e sucesso do consumidor: toda essa cultura criada no dia a dia, através da excelência de processos.
Liderar sob a perspectiva da ambidestria: transformar pelo exemplo
É importante ressaltar que a ambidestria não se aplica apenas às empresas. De fato, grandes líderes a desenvolvem como habilidade-chave para potencializar sua gestão. Líderes que executam a ambidestria são aqueles que, pelo seu exemplo, transformam empresas ambidestras.
Isso significa que traçam um trabalho de excelência que está sempre se atualizando e acompanhando as novas ferramentas, informações e metodologias disponíveis. Para isso, existem algumas estratégias que podem ser inseridas à rotina profissional:
- Pesquisar constantemente sobre o seu campo de trabalho, além de acompanhar os veículos de notícia;
- Ouvir atentamente os colegas de equipe, assim como os clientes, avaliando novas ideias e opiniões externas sobre a empresa;
- Implementar culturas de desenvolvimento de novos projetos, etc.
Casos de sucesso
A disciplina, além da disposição em se abrir para novas ideias, podem transformar não apenas negócios, mas carreiras. Alguns exemplos famosos que temos são o de Ed Catmull, presidente dos estúdios Pixar Animation e Disney Animation, e no cenário nacional, o de Alê Costa, fundador da empresa Cacau Show.
Ambos investiram em uma ideia inicial e a alavancaram ao aproveitar as oportunidades certas quando essas apareceram. Além disso, mesmo após seus negócios alcançarem um patamar de sucesso alto, mantém uma postura de inovação: a Pixar é referência em animações e suas produções contam com tecnologias cada vez mais avançadas de resolução de imagem e som. Além disso, a equipe conta com espaços abertos para opinar sobre os filmes e dar sugestões criativas. Já no tocante à Cacau Show, os mais novos investimentos realizados por Alê incluem a construção do hotel temático Bendito Cacau Resort & Spa, que amplia o seu negócio enquanto chocolatier, além da aquisição do Grupo Playcenter.
Ao observar casos como esses, é preciso atentar-se para não cair no erro que já citamos da ilusão do fast learning e fast growing. Grandes nomes começam dos pequenos momentos, das mudanças no dia a dia, que podem parecer simples, mas são as responsáveis por esse crescimento exponencial.
Ambidestria em Ação: O Impacto na Prática Diária
Grandes líderes são construídos pela consistência em suas tomadas de decisão, gestão de projetos e lideranças de equipe. Neste caso da ambidestria, essa consistência inclui o equilíbrio diário entre executar com eficiência e planejar estrategicamente. Neste sentido, algumas dicas de como começar a agir assim são:
- Revisar e atualizar constantemente seu planejamento, incluindo mudanças de rota quando necessário;
- Consultar opiniões externas, principalmente de profissionais que são exemplos de sucesso para você;
- Adicionar pontos de alavanca, ou seja, metas ousadas para sua trajetória profissional.
Seja um líder da ambidestria
Em síntese, aderir à ambidestria é buscar o equilíbrio e tomar impulso para alcançar objetivos cada vez mais altos, transformando o seu ecossistema profissional de dentro para fora. E neste mundo atual, onde a única constante é a mudança, os líderes de amanhã são aqueles que se transformam hoje.
Por isso, a Lumit aposta alto nas lideranças que impacta e está a frente de capacitações que têm como objetivo principal potencializá-las. Este é o caso da Pós-Graduação em Gestão de Negócios na Fundação Dom Cabral, que têm colhido bons frutos e sido o catalisador para o desenvolvimento da ambidestria organizacional nos alunos.
Este tem sido um processo de grande importância para a formação de futuros líderes, que através da prática da ambidestria, estão aptos tanto a garantir o crescimento de seus projetos, quanto a manter a longevidade deles, enfrentando com firmeza os desafios que o futuro nos prepara.
Você, que é líder ou está à frente de um negócio. Já parou para pensar na sua metodologia de liderança? Tem interesse em se aprofundar mais nesses temas e desenvolver essas competências em sua jornada? Te convidamos a conhecer melhor a Lumit e o programa de Pós-Graduação. Vamos juntos nesta jornada de construir lideranças e gestões para o futuro!
*DUNCAN, Robert B. The ambidextrous organization: Designing dual structures for innovation. The management of organization, v. 1, n. 1, p. 167-188, 1976.