CONSTRUINDO PILARES FORTES: O PAPEL VITAL DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO NA CULTURA ORGANIZACIONAL

Em todas as ações e rotina de uma empresa, existem muitos planejamentos e estratégias previamente pensados e alinhados. Assim como em um jogo de futebol ou em um concerto, a articulação da equipe é direcionada por uma figura central, que guia os movimentos de cada um, em busca do melhor resultado final possível. 

Tratando-se do ambiente corporativo, quem assume esta posição é o Conselho de Administração: seu papel é, sobretudo, gerenciar ideias e projetos de forma a potencializar os setores e suas entregas. Neste sentido, fala-se muito da sua atuação no tocante à definição de estratégias para as operações.

Mas você já parou para pensar sobre o significativo poder que o Conselho de Administração detém, não apenas sobre as diretrizes estratégicas, mas sobre a alma de uma empresa – sua cultura organizacional? Em um cenário empresarial que se transforma com velocidade estonteante, a cultura organizacional emerge como um farol, guiando o comportamento, a inovação e, por fim, o sucesso de uma organização. Neste contexto, o Conselho de Administração não é apenas um espectador, mas um protagonista na modelagem de uma cultura organizacional forte e resiliente.

Administrando a cultura organizacional 

A cultura organizacional é a linguagem (verbal e não verbal) falada por uma empresa, seja dentro ou fora de sua sede: trata-se da forma como se posiciona frente aos seus clientes, stakeholders e colaboradores. Quanto mais presente ela se faz, maior é o sentimento de pertencer criado por esses grupos de pessoas. É o famoso “vestir a camisa”. 

E se o treinador preocupa-se em repassar movimentos estratégicos e orientar os jogadores, também cabe a ele perpetuar a história e os valores do time, sendo seu porta-voz para dentro e fora dos treinos. Desta forma é o Conselho de Administração em relação à cultura organizacional: ele tem em suas mãos a responsabilidade de traduzir a identidade da empresa (seus valores, princípios, etc.) em ações e políticas internas, de forma a unir as várias identidades de todos que integram seu quadro de colaboradores em uma só.

Sua influência se estende para muito além das salas de reunião: suas tomadas de decisão, valores e a própria conduta servem como modelo para toda a organização, estabelecendo o padrão para o que é valorizado institucionalmente. A forma como lida com desafios, celebra conquistas e comunica suas visões é o alicerce sobre o qual a cultura organizacional é construída.

Se uma organização posiciona-se como eco-friendly, por exemplo, é comum que o Conselho de Administração determine políticas para a redução do uso de descartáveis em seus escritórios e promova ações e capacitações em reciclagem com os funcionários. Ou caso a inovação seja um pilar da instituição, o Conselho tem a autonomia para criar setores especializados apenas para ações neste sentido.

Para apresentar um exemplo mais concreto, temos o Facebook: a empresa aprecia e incentiva a coragem, ousadia e inovação, buscando pessoas que tragam novas perspectivas e saiam do convencional. Por isso, além de diversos benefícios oferecidos como horários flexíveis, salas de descompressão, consultórios médicos etc, também implementa ações para o incentivo de compartilhamento de ideias e a horizontalização da comunicação.

Já a Netflix atua com ênfase nos valores e habilidades dos colaboradores, por isso seu foco não é no tempo de trabalho cumprido, mas em como foi produtivo durante esse tempo. Por isso, possui um quadro de avaliação, a partir do qual avalia a produtividade de cada um, gerando simultaneamente um espaço para que se expressam, promovendo seu crescimento profissional. 

Construindo uma cultura organizacional forte

Nos exemplos dados, é possível observar que, quanto mais forte é a cultura organizacional de uma empresa, mais transparente ela é para o seu público e maior é sua longevidade, estendendo-se por diferentes gestões. Ainda que o corpo de funcionários mude completamente, ela deve ser perpetuada e assegurada pelo Conselho de Administração. Esta é a sua importância para a cultura organizacional. 

Assim, para cultivar uma cultura que não apenas sobreviva, mas prospere, é essencial focar em alguns pilares fundamentais: 

  • Missão e valores claros
  • Comunicação eficaz
  • Inclusão e diversidade

Estes elementos não são apenas aspiracionais; eles são práticos e devem direcionar as ações diárias e decisões estratégicas em todos os níveis da organização.

Desafios mais comuns

Esta é uma jornada rica em possibilidades e oportunidades, mas também traz consigo um conjunto de desafios atrelados a ela. Na lista entre os mais comuns enfrentados pelas gestões, estão:  

  • a resistência a mudanças;
  • a falta de alinhamento entre equipes;
  • conflitos de interesse;
  • e falhas na comunicação que afetam os resultados.

Através de uma liderança consciente e adaptativa, o Conselho de Administração pode antecipar esses obstáculos e traçar estratégias para superá-los. Para isso, é fundamental sempre primar por:

  • uma comunicação eficaz, tanto internamente como entre os setores;
  • transparência e coerência em todas as ações e comunicações da empresa.

Casos de Sucesso

Empresas que se destacam no mercado hoje não são apenas aquelas com os produtos mais inovadores ou as estratégias mais agressivas: são aquelas cuja cultura organizacional reflete resiliência, inovação e um profundo senso de propósito. Ao examinar estes casos de sucesso, fica evidente o papel central que o conselho de administração desempenhou, não apenas endossando, mas vivenciando os valores da empresa.

Para além de Netflix e Facebook, empresas que foram pioneiras em seus segmentos, temos em solo brasileiro dois grandes exemplos disso: Nubank e Natura. 

Segundo a co-fundadora do Nubank, Cristina Junqueira, a empresa começou primeiro com o desenho da cultura para depois seguir com o projeto.

Entre os principais aspectos dela, estão:

  • Não há dress code, a proposta é que os funcionários sejam livres para se expressarem;
  • Às sextas, há um food truck que estaciona na hora do almoço;
  • A sede possui um espaço de relaxamento e recebe happy hours e outras celebrações;
  • Há diversidade em todas as áreas.

Já a Natura, com o lema “bem estar bem”, adota uma cultura de people first, ou seja, coloca as pessoas em primeiro lugar, focando  no bem-estar de seus colaboradores.

Como começar a construir uma cultura organizacional forte

Assim como todos os investimentos a longo prazo, o processo para construir uma cultura organizacional firme e duradoura não é rápido. O esforço é diário e começa com o compromisso do Conselho de Administração de buscar desenvolvimento contínuo, adaptando-se às mudanças do mercado. 

O mais poderoso recurso de uma organização são os recursos humanos: agregamos criatividade, conhecimento e dedicação que potencializam as operações. A cultura é feita de pessoas. É importante que o Conselho parta deste ponto para avaliar como guiar essas pessoas de forma que performe como um grupo, trabalhando juntas por uma mesma causa.

Por isso, é importante não apenas aprimorar habilidades técnicas, mas também cultivar uma profunda compreensão da dinâmica cultural. Isso pode envolver desde workshops de liderança até programas de mentoria, sempre com o objetivo de fortalecer a competência do Conselho de transformar e unificar a empresa. 

Liderar pelo exemplo

Por isso, propomos a você, membro de Conselho, as seguintes reflexões: as pessoas que trabalham na empresa que você está inserido acreditam no que estão fazendo? Elas se conectam com os objetivos traçados pela gestão e têm orgulho de estar onde estão? E o que você têm feito de concreto para contribuir para uma cultura que faça essas pessoas sentirem-se parte do que está sendo concluído?

A cultura organizacional é o coração pulsante de uma empresa, alimentando sua inovação, sua ética e seu sucesso. Cada membro do Conselho de Administração tem um papel crucial, não apenas na direção estratégica, mas também na nutrição dessa cultura. 

À medida que nos propomos a refletir sobre nossa contribuição individual, é essencial reconhecer que o desenvolvimento contínuo como conselheiro é o alicerce para uma liderança eficaz e, por consequência, para uma cultura organizacional vibrante e resiliente.

Por isso, investir em seu desenvolvimento é o primeiro passo para ser a força motriz por trás de uma cultura organizacional que não apenas sobreviva, mas prospere diante dos desafios futuros. Descubra como você pode aprimorar suas habilidades e contribuir significativamente para a cultura da sua empresa com nosso Programa de Desenvolvimento de Conselheiros: transforme sua visão em ação e junte-se a nós nessa jornada de crescimento e liderança transformadora.

PDC – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE CONSELHEIROS

Prepare-se para atuar ou se aperfeiçoar dentro de um conselho com as melhores práticas.
 

PROGRAMA GOVERNANÇA CORPORATIVA EM EMPRESAS FAMILIARES

Prepare-se para impulsionar a profissionalização e competitividade do negócio familiar.

Veja também

Gestão de Crises: Preparando-se para o Inesperado no Ambiente de Negócios

Nem só de marés calmas se faz um marinheiro. Na verdade, são as águas turbulentas e a forma como lida com elas que definem o sucesso de sua jornada. E tratando de um mundo empresarial que nunca dorme, inserido no atual cenário no qual vivemos, de globalização e intenso desenvolvimento tecnológico, a mudança é uma constante do dia a dia corporativo, frequentemente aparecendo na forma de crises e gerando essas turbulências.

Leia mais »